Foi observando que os relatos de roubos e furtos de celular começaram a se multiplicar nas redes, com usuários contabilizando os prejuízos com os aplicativos bancários invadidos, que o analista de segurança da informação Jonathan Santana, de 26 anos, decidiu redobrar os cuidados: passou a deixar em casa um smartphone específico para operações financeiras, o que já vem sendo chamado popularmente de “celular do Pix”.
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Jonathan adotou a prática no fim do ano passado. No celular guardado em casa, ficam valores maiores, como os investimentos e a poupança da família, enquanto nos aparelhos que ele e a mulher usam para sair, ficam apenas quantias menores, guardadas em bancos digitais, para pequenos pagamentos do dia a dia. O cuidado é tanto que ele influenciou a família. Hoje, seus avós, seus pais, seus irmãos e alguns tios também adotaram cuidados.
— Preferi me precaver. Para mim, sempre foi mais complicado por conta do meu trabalho. Sou até um pouco paranoico. Meu maior medo hoje não é nem roubarem o celular, mas algum sequestro-relâmpago, um assalto em que o cara me obrigue a colocar a senha no celular — conta o analista.
Viu? Sem dinheiro? Rio se rende ao Pix para pequenos gastos
Registros de crimes crescem
Os relatos que assustam acompanham o registro de casos na polícia, que estão crescendo no Rio. Somente nos primeiros três meses desse ano, o total de furtos de celular na Região Metropolitana do Rio já é quase a metade do registrado em todo o ano de 2021, quando 12.645 aparelhos foram furtados.
A capital puxa a maior parte dos registros no período, com 5.348 do total de 6.595 em todo o estado. A região de Barra da Tijuca, Itanhangá e Joá encabeça a lista, com 655 casos. Já o total de roubos de celular, quando há violência, é menor: 3.534 casos registrados entre janeiro e março.
Busca por celular secundário cresce nas lojas
O medo dos prejuízos, além de impactar a forma como os usuários utilizam os celulares, tem mudado também os hábitos de consumo. A chinesa Xiaomi já percebeu que clientes têm procurado mais por aparelhos secundários, em busca de mais segurança na hora das transações financeiras, como adiantou o portal “Techtudo”.
A marca tem sete lojas físicas no país, três delas na capital paulista, seu maior mercado. Por lá, apenas em abril, 18,7% das buscas por celulares foram por clientes em busca de um aparelho secundário para operações financeiras.
— Percebemos que, em outubro passado, uma movimentação por esse tema começou a aparecer, com consumidores procurando por um celular para deixar na gaveta de casa para transações bancárias. A partir de novembro, começamos a catalogar isso, computar esses relatos. Tivemos um volume muito grande em novembro e dezembro, até por conta da Black Friday e das compras de fim de ano. Em janeiro, fevereiro e março, o movimento foi razoável, mas voltou a explodir em abril — analisa Luciano Barbosa, head de Projeto da Xiaomi no Brasil.
Barbosa diz também que, apesar da busca específica de aparelhos secundários, os consumidores não têm procurado celulares mais baratos, mas por smartphones intermediários, mais completos e com mais recursos de segurança, como uma interface que protege aplicativos sensíveis, como os de banco, e que só funcionam com biometria e senha.
— No início da pandemia, em meados de junho de 2020, quando as lojas físicas reabriram, a busca por celulares para home office chegou a 15%, mas essa procura de agora pelo “celular do pix” é maior. Foi assustador. No início nós só mensurávamos, não imaginávamos que chegaria numa esfera tão alta — diz.
Executivo-chefe de Segurança da empresa de cibersegurança Psafe, Emilio Simoni analisa que recursos do tipo, que protegem aplicativos sensíveis, são importantes ferramentas de prevenção contra possíveis transtornos.
— O dfndr security, por exemplo, possui a função “Cofre”, que cria uma verdadeira barreira para qualquer intruso no celular, incluindo proteção contra golpes virtuais ou acesso indevido, pois somente o dono do celular pode desbloqueá-lo. Mesmo que o criminoso descubra a senha de desbloqueio do aparelho, ele não terá acesso aos aplicativos — explica.
Ele alerta ainda que os usuários não devem usar o e-mail de recuperação de senhas no mesmo aparelho em que estão instalados os aplicativos bancários:
— Com o aumento de roubos de celulares direto das mãos das vítimas, muitas vezes os criminosos pegam os dispositivos desbloqueados e têm acesso aos aparelhos, conseguindo, por exemplo, recuperar as senhas de acesso e fazer transação de apps bancários. Também é importante ativar o bloqueio automático com menor tempo possível — afirma.
Veja 10 dicas para reduzir os transtornos em caso de roubo ou furto do celular
1) Faça backups constantes
Além da preocupação com segurança de informação, ter um celular roubado, furtado ou perdido também traz a questão de perder memórias importantes, como fotos e conversas. Garanta que seu smartphone faz backups periódicos no iCloud ou Google Drive, e ative o backup de e-mails e aplicativos de mensagens, como o WhatsApp.
2) Não deixe suas senhas salvas
Para garantir a segurança de seus dados, é preferível digitar a senha toda vez que for entrar em um aplicativo. Também não é recomendável anotar senhas em blocos de notas, nem compartilhar com outras pessoas através de e-mails ou conversas de aplicativos de mensagens.
3) Use verificação em 2 etapas
Habilite esse recurso sempre que possível. Ele cria mais uma barreira de proteção para os dados, pois permite que as informações sejam acessadas apenas por quem tem acesso ao dispositivo (algo que você tem, mas pode perder) e conhecimento da senha (algo que só você sabe).
4) Faça uma limpa nas suas fotos
Não armazene fotos de documentos no celular. Esses registros podem ter dados sensíveis que muitas vezes são usados como senhas, como data de nascimento e nome dos pais, além de dados pessoais, como RG e CPF. Caso precise compartilhar esse tipo de arquivo, lembre-se de apagar depois.
5) Desabilite notificações na tela bloqueada
Caso o seu celular esteja bloqueado no momento do furto ou roubo, o criminoso pode ter acesso às suas conversas e notificações privadas na tela do celular. Além disso, ao permitir a visualização de SMS na tela bloqueada, fraudadores podem receber códigos de verificação para alterar sua senha em sites e redes sociais.
6) Deixe o serviço de geolocalização habilitado
Isso facilita a busca do seu aparelho, caso você não saiba onde ele está, ou bloqueio em casos de furto e roubo.
7) Notifique seu banco
Em caso de roubo ou furto, se você usa aplicativos de banco, entre em contato com as centrais de atendimentos das instituições financeiras para bloquear o uso da conta pelo aplicativo e as transações com cartões.
8) Apague os dados do aparelho
É possível apagar os dados do seu smartphone remotamente via iCloud ou Google. Isso impede que terceiros tenham acesso a redes sociais, e-mail, aplicativos de mensagens, senhas e fotos, além de apagar apps bancários, de e-commerce e delivery, impedindo que o criminoso faça fraudes. Com o backup em dia, é possível recuperar as informações em um novo aparelho.
9) Avise operadora de celular e solicite o bloqueio da linha
Isso impede que criminosos usem o aparelho para fazer ligações para contatos da sua agenda e usem seu plano de dados para acessar a internet e aplicativos. A operadora também pode bloquear o IMEI, o número de identificação do seu aparelho, impedindo que ele seja utilizado pelo criminoso.
10) Faça um B.O. para se proteger judicialmente
O boletim de ocorrência pode ser feito na delegacia mais próxima ou de forma on-line, no site da Polícia Civil, e é fundamental para contestar ações de terceiros usando seus dados e serve para que a polícia possa investigar o delito.
Fonte: C6 Bank