O colapso das criptomoedas Terra (LUNA) e TerraUS (UST) ainda repercutem em todo o mercado cripto, com o Bitcoin (BTC) registrando queda significativa e lutando para manter o nível de US$ 30 mil.
O impacto mais expressivo no mercado, no entanto, não é exatamente a queda dos preços das criptomoedas neste começo de ano. Embora a crise tenha acelerado a tendência, a pior consequência até aqui parece ser a crise de confiança em stablecoins – mais especificamente em relação à líder do setor.
Dados da casa de análise Glassnode apontam uma relação inversa entre a emissão de Tether (USDT) e a de USD Coin (USDC), bem como a de Binance USD (BUSD). Os tokens USDT estão saindo de circulação por meio de resgates (troca por dinheiro em espécie), enquanto mais USDC e BUSD estão sendo emitidos devido a uma demanda maior.
“Os resgates de USDT foram de cerca de US$ 7,5 bilhões, enquanto a oferta de USDC cresceu em US$ 2,64 bilhões e de BUSD, US$ 1 bilhão. Então, no geral, tivemos uma expansão de US$ 3,64 bilhões na oferta e redução de US$ 7,5 bilhões, gerando um fluxo líquido de saída de US$ 3,6 bilhões [em stablecoins]”, disse James Check, analista da Glassnote, em entrevista à CoinDesk.
A DAI, outra stablecoin algorítmica, mas de estrutura diferente da UST, também teve uma redução de 24,4% na oferta em circulação, com US$ 2,067 bilhões queimados.
“O que estamos potencialmente observando é uma mudança de preferência de stablecoins no mercado”, afirmou Check.
O analista suspeita que um grande trader ou vários traders aproveitaram a onda da narrativa da “perda de indexação do UST” para especular sobre a paridade do USDT com o dólar, na espera de que a incerteza em torno do episódio impactasse na stablecoin dominante do mercado – algo que de fato teria ocorrido, aponta o especialista.
“Nós vimos a venda apressada dos 80 mil BTC [da Luna Foundation Guard] e, alguns dias depois, pares de USDT em algumas exchanges foram pressionados, criando o cenário perfeito para um trade sofisticado de posição vendida”, disse Check.
É importante apontar que, apesar disso, a indexação do USDT ao dólar americano se recuperou rapidamente. Um grande e rápido volume de resgates aconteceu em um curto período e o sistema continuou funcionando.
“Conforme as stablecoins se integram à infraestrutura de base no mercado, as inquietações em torno de um evento de perda de indexação — principalmente no USDT, a maior stablecoin — trarão impactos em todos os setores”, Check escreveu em nota publicada na semana passada. “Sem dúvida, esse evento vai atrair a regulamentação com mais rapidez e urgência.”
Apesar da subida recente, o USDC ainda está longe de ultrapassar o USDT em valor de mercado, mas traders parecem preferir USDC ou a BUSD – e não o USDT – em meio a uma crise de confiança nas stablecoins.
Até onde as criptomoedas vão chegar? Qual a melhor forma de comprá-las? Nós preparamos uma aula gratuita com o passo a passo. Clique aqui para assistir e receber a newsletter de criptoativos do InfoMoney