Home Saúde e Bem Estar Especialistas explicam por que autoridades de saúde estão acompanhando surtos da varíola do macaco – Globo.com

Especialistas explicam por que autoridades de saúde estão acompanhando surtos da varíola do macaco – Globo.com

by Infonew

Autoridades de saúde do mundo todo estão atentas a surtos de uma doença que a maioria das pessoas desconhecia.

A varíola dos macacos entrou no radar dos cientistas – e nas manchetes pelo mundo – depois que surtos da doença foram registrados na Europa, na América do Norte e na Austrália. Mas a Organização Mundial da Saúde já avisou que não existe motivo para alarme, porque o risco de contaminação é baixo. Mais de 100 casos foram confirmados em, pelo menos, 16 países, e dezenas estão em análise.

Até agora, nenhuma morte foi registrada fora das áreas endêmicas do continente africano.

A doença foi identificada na década de 1950, na África, em duas colônias de macacos mantidos em cativeiro para pesquisas. Por isso, o nome. Mas os primeiros hospedeiros do vírus são roedores.

O primeiro caso registrado em humanos foi na década de 1970, na República Democrática do Congo. A transmissão para os seres humanos acontece no contato com animais infectados, vivos ou mortos. Entre os humanos, o contágio pode ser pelas gotículas expelidas pela tosse. Mas, o mais comum é a transmissão pelo contato com o líquido que vaza das feridas na pele.

O vírus também pode ficar depositado em roupas, roupa de cama ou toalhas usadas por pessoas doentes.

“É preciso então o contato próximo entre as pessoas, mais íntimas, para que aconteça a transmissão. Mas é importante dizer que não é tão eficazmente transmitido pelo ar como o vírus da Covid-19. Ela é bem menos transmissível que o vírus que causa a Covid-19”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Guimarães da Fonseca.

O virologista Flávio Guimarães da Fonseca explica que os sintomas aparecem de sete a 14 dias depois da infecção.

Primeiro, febre, dor de cabeça e dores no corpo. Em seguida, inchaço nos gânglios na garganta, nas axilas e na virilha. Só depois, surgem as feridas na pele, chamadas de vesículas. Quando elas se rompem, liberam uma grande quantidade de líquido com milhões de vírus. Uma semana depois, as feridas secam e podem deixar cicatrizes.

A doença pode atingir qualquer pessoa, mas é mais perigosa em crianças, idosos e quem tem problemas de imunidade. Mas a varíola dos macacos pode ser prevenida evitando o contato com quem apresenta os sintomas e com o uso de máscara em ambientes com aglomeração.

A epidemiologista da Universidade Federal do Espírito Santo Ethel Maciel lembra que existe vacina para a doença.

“Em 2019 aconteceu a aprovação de uma vacina para varíola de macaco, uma vacina combinada para varíola humana e de macaco que tem uma eficácia alta. Então, nós estamos em uma situação muito diferente da Covid. Nós temos vacinas, temos vacinas que são eficazes, mas não estão disponíveis em larga escala”, afirma.

Um brasileiro, que passou por Portugal e pela Espanha, foi o primeiro caso de varíola dos macacos diagnosticado na Alemanha. Mas no Brasil não existe nenhum registro da doença. A Anvisa anunciou que monitora os casos notificados pelo mundo, junto com o Ministério da Saúde, e que reforça a necessidade de manter as medidas sanitárias já adotadas nos portos e aeroportos durante a pandemia de Covid.

A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Instituto Adolfo Lutz, Tatiana Lang D’Agostini, disse que o laboratório está preparado para investigar casos suspeitos.

“Qualquer caso que for notificado será investigado e as medidas sanitárias serão tomadas, até mesmo como o rastreamento dos contatos próximo desse caso suspeito”, explica.

Nesse momento é importante não gerar pânico, não entrar em pânico. A gente está vindo de três anos de pandemia. Então, esse tipo de notícia assusta, traz ansiedade, mas nesse momento é uma doença com caráter de transmissão muito menor, uma doença que se tem vacina, tem remédio. O que a gente tem que ficar é vigilante, importante estarmos vigilantes, sem pânico”, afirma Flávio Guimarães.

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