PARIS — O governo da França prometeu reagir, nos próximos dias, à decisão russa de classificar como champanhe somente os vinhos produzidos em seu país. De acordo com a mudança na lei russa, a bebida fabricada na França e em outros países deverá ser classificada somente como “espumante”.
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, afirmou no parlamento, segundo a agência Reuters, que se a decisão de Putin violar as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), Paris buscaria um recurso.
IPO: Conheça o casal que ficou rico fazendo chá e teve ‘um filho’ de US$ 3,8 bilhões
A medida do presidente russo, Vladimir Putin, também foi comentada pelo ministro da Agricultura da França, Julien Denormandie, nesta terça-feira.
Segundo ele, a denominação ‘champanhe’ só poderia ser usada para os vinhos espumantes produzidos na região francesa de mesmo nome, Champagne, por mais que outros países tentemse apropriar do rótulo para bebidas locais.
— Você pode imaginar a reação das autoridades francesas. A palavra Champagne vem daquela bela região da França, onde o champanhe é produzido — disse Denormandie à Sud Radio.
Decreto na Rússia
As reações vieram depois que Putin assinou uma nova lei, na última sexta-feira, que determina que somente os espumantes russos podem carregar o nome de ’champanhe’. Ainda segundo a medida, qualquer vinho desse tipo produzido fora da Rússia e importado para o país deveria ser classificado somente como ‘espumante’.
Vinho em casa: Produtores nacionais embarcam no ‘delivery’
A decisão valoriza diretamente os “champánskoe” (ou shampanskoye), vinhos espumantes russos populares e acessíveis, que foram criados na era soviética como uma forma de democratizar o luxo.
Segundo o jornal El País, a maioria da população da Rússia bebe vinho espumante nacional; apenas 27% do mercado corresponde a vinhos estrangeiros deste tipo: de cava a prosecco ou champanhe.
Com isso, porém, cresceu o debate sobre a classificação da bebida. Uma parcela da indústria do champanhe defende que só sejam classificados com o nome francês os vinhos espumantes produzidos na região de Champagne. Lá, a fabricação é controlada e os produtores utilizam uma determinada variedade de uvas e um processo de maturação específico.
Viu isso? Garrafa de água dos ‘rios voadores’ da Amazônia chega ao mercado por R$ 330
A associação que reúne a indústria francesa declarou estar “escandalizada” e já pediu aos produtores que parem de enviar seus vinhos para a Rússia, até que as novas regras sejam esclarecidas.
Vetos a queijo e presunto
“O Comitê de Champagne lamenta que esta legislação não garanta que os consumidores russos tenham informações claras e transparentes sobre as origens e características do vinho”, apontam seus co-presidentes Maxime Toubart e Jean-Marie Barillere em um comunicado.
A nova regra se soma a outras leis de protecionismo adotadas pela Rússia para promover os produtores locais. O país já vetou ou restringiu, segundo o El País, outros produtos como o queijo parmesão, o gouda ou o presunto ibérico. Tudo isso acontece em meio a uma onda de sanções ocidentais contra Moscou.
Vinhos com selo: Santa Catarina conquista Indicação de Procedência para seus vinhos de altitude; confira sugestões de rótulos
A Rússia, com seus 144,5 milhões de habitantes, importa cerca de 50 milhões de litros de espumantes. Desse montante, 13% são champanhe, de acordo com dados do Centro Federal e Regional de Pesquisa de Mercado do Álcool da Rússia (Tsiffrra).