Irmã acusa o Planalto de trocar cargos pela morte de Adriano da Nóbrega – Estado de Minas

Foragido, Adriano da Nbrega foi morto em 2020, em meio a acusaes (foto: Reproduo)

Daniela Magalhes da Nbrega, irm do ex-policial militar Adriano Magalhes da Nbrega, morto em 2020, na Bahia, acusou o Palcio do Planalto de oferecer cargos em troca da execuo do ex-capito. O oficial tinha ligaes com a famlia do presidente Jair Bolsonaro (PL) que, em 2005, no plenrio da Cmara dos Deputados, o defendeu da acusao de matar um flanelinha no Rio de Janeiro (RJ). As informaes so da “Folha de S. Paulo”.Adriano era suspeito de comandar uma milcia no Rio. Sobre ele, tambm pesavam indcios de participao em um suposto esquema de rachadinha no gabinete do ento deputado estadual Flvio Bolsonaro (PL). A “Folha” obteve gravao em que Daniela conversa com uma tia dois dias aps a morte de Adriano.

No udio, ela afirma parente que o irmo soube de uma reunio sobre ele no Palcio do Planalto.

“Ele [Adriano] j sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele j era um arquivo morto para todo mundo. J tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, j. Fizeram uma reunio com o nome do Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele j sabia disso, j. Foi um compl mesmo”, disse a mulher.

Tatiana, outra irm do capito, chegou a afirmar em udio que a ordem para matar Adriano veio de Wilson Witzel, ento governador fluminense. “Foi esse safado do Witzel, que disse que se pegasse era para matar. Foi ele”, falou.

As conversas entre parentes de Adriano da Nbrega compem os elementos da Operao Grgula. A investigao responsvel por entender o esquema que garantiu a fuga do capito do Rio de Janeiro. Na mira das autoridades, ele ficou foragido por cerca de um ano.

A despeito das acusaes sobre a participao de Adriano em uma milcia, Tatiana, a outra irm, chegou a garantir que o oficial no mantinha atividades paramilitares. A associao era feita, segundo ela, para associar Bolsonaro a milicianos.

“Ele no era miliciano, no. Era bicheiro. […] Querem pintar o cara numa coisa que ele no era por causa de coisa poltica. Porque querem ligar ele ao Bolsonaro. Querem ligar ele a todo custo ao Bolsonaro”, pontuou. “A querem botar ele como uma pessoa muito ruim para poderem ligar ao Bolsonaro. A j disseram que foi o Bolsonaro quem assassinou. Quando a gente queria cremar diziam que e a famlia queria cremar rpido porque no era o Adriano. Uma confuso”, completou ela.

Em outro udio, o sargento Luiz Carlos Felipe Martins, da PM do Rio, apontado como parceiro de Adriano, diz a um homem que o ex-capito reclamava muito de perseguio por causa da relao com Bolsonaro.

“Ele falava para mim: ‘Orelha, nunca vi isso. Estamos se fudendo por ser amigo do presidente da Repblica. Porra, todo mundo queria uma porra dessa. Sou amigo do presidente da Repblica e t me fudendo’. Morreu por causa disso”, desabafa.

As relaes entre Bolsonaro e Adriano da Nbrega esto explicitadas em cargos obtidos pela ex-esposa do oficial e pela me no gabinete de Flvio Bolsonaro na Assembleia Legislativa fluminense.

Segundo a “Folha”, o Palcio do Planalto e a defesa de Daniela da Nbrega optaram por no comentar os udios.

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