O carro mais barato do Brasil conseguiu manter esse posto também no segmento de elétricos. O Kwid E-Tech, versão a bateria do hatch popular, está em pré-venda e começa a ser entregue em julho. O primeiro lote de exemplares – importados da China – tem 500 unidades, que custam R$ 142.900.
O valor é cerca de R$ 74 mil superior ao do Kwid de topo a combustão, Outsider – o modelo flex também foi renovado este ano. No entanto, é R$ 22 mil inferior ao daquele que tinha, até então, o título de elétrico mais em conta do Brasil, o E-JS1. O hatch da JAC parte de R$ 164.900.
Será que vale a pena gastar o dobro da versão a combustão para ter um Kwid elétrico na garagem? É o que vamos mostrar na avaliação abaixo.
Pontos Positivos
- Autonomia urbana
- Dirigibilidade
Veredito
Você trocaria, por exemplo, um Renegade Longitude, por um carro elétrico? A bem equipada e tecnológica versão de topo do Jeep 4×2 sai por preço semelhante ao do Kwid E-Tech. E esse é o problema dos modelos à bateria. Mesmo o mais barato ainda é muito caro. Quem paga R$ 143 mil em um automóvel espera mais tecnologia e sofisticação do que esse Renault pode oferecer. É por isso que modelos a eletricidade acabam fazendo mais sucesso em segmentos premium. O valor é alto, mas a entrega de requinte condiz com o preço.
Recarga e autonomia
O Kwid E-Tech é um carro popular com motor elétrico. Sua bateria é de 27 kWh e o propulsor, dianteiro. A autonomia pode chegar a 295 km na cidade, o que faz do hatch um modelo mais apto ao uso urbano.
Como a bateria não é das maiores, uma vantagem é poder carregá-lo em uma tomada convencional. Para isso, o Kwid E-Tech já vem com carregador de três pinos, compatível com as entradas de energia usadas no Brasil.
De acordo com informações da Renault, a recarga até 85% leva oito horas. Quem quer agilidade pode adquirir, nas concessionárias Renault, um Wallbox de 7,4 kWh. O preço, de R$ 6 mil, pode ser incluído no financiamento do hatch.
Com esse dispositivo, a recarga leva duas horas e meia. Além do carregamento lento (AC), o Kwid também pode ser carregado em estações rápidas (DC). Em um posto de 30 kWh, são 40 minutos para aumentar a capacidade da bateria de 15% para 85%.
As entradas AC e DC do Kwid E-Tech estão posicionadas na dianteira, sob o logotipo da Renault. Em circuito misto (cidade-estrada), a autonomia é de 265 km, de acordo com dados da Renault.
Mesmo com bateria de baixa capacidade, o carro consegue chegar a esse alcance por causa do peso baixo. A versão elétrica do Kwid pesa 977 kg – cerca de 150 kg representados pela bateria, posicionada sob o assoalho.
O Kwid E-Tech traz o modo Eco de condução, para aprimorar a autonomia. Ele limita a potência do motor e a velocidade final (a 100 km/h). Além disso, promove regeneração da bateria por meio de desaceleração e frenagem.
Design e interior
A versão elétrica do Kwid é bem parecida com o modelo flex, mas há algumas peculiaridades. A grade é fechada e preta, com detalhes cromados que combinam com o logotipo da Renault.
Os faróis têm detalhes de LEDs e os auxiliares são imensos, se destacando no para-choque dianteiro. As rodas têm 14″ e são pretas, com detalhes na cor prata. Diferentemente da versão flex, com seus polêmicos três pinos, o elétrico adota quatro.
Na lateral, há um grande adesivo preto e mostarda com a inscrição E-Tech. O Kwid elétrico conta ainda com rack de teto. O porta-malas mantém os 290 litros da versão a combustão, e o espaço interno também é o mesmo.
No entanto, apesar do túnel central baixo na parte de trás, esse Kwid não pode levar cinco pessoas. Por causa do peso extra da bateria, o hatch está homologado para apenas quatro ocupantes.
Por dentro, o acabamento de portas combina tons de cinza que garantem boa aparência, mas os plásticos são duros e há pinos à mostra. A central multimídia sensível ao toque é como a do Kwid flex, e traz incorporada a única entrada USB (do tipo A) do carro.
Já o painel até lembra a do modelo a combustão, mas tem marcadores do sistema elétrico do lado esquerdo. Para um carro a bateria, o Kwid E-Tech traz algumas soluções incomuns. Da versão flex, ele mantém tanto a partida com chave quanto o freio de estacionamento manual.
Já a alavanca do câmbio de uma marcha é um botão giratório (o flex só tem transmissão manual), o que libera espaço no console do carro. Entre os destaques está a câmera traseira, com imagens bem nítidas projetadas na tela da central multimídia.
Desempenho
A Renault fez mudanças na suspensão e, especialmente, na direção do Kwid E-Tech. Esta tem sistema elétrico, como o carro a combustão, mas ficou muito mais precisa em mudanças de direção, além de transmitir conforto ao motorista.
Na versão elétrica, o Kwid se tornou um carro muito gostoso de dirigir. A bateria sob o assoalho, que deixa o centro de gravidade mais baixo, contribui para essa sensação. O motor tem 65 cv de potência.
É menos que o carro a combustão, quase 200 kg mais leve. Então o Kwid elétrico acelera mal? Em situações cotidianas, não. Ele se privilegia do torque elétrico. Apesar de a força ser de baixos 11,5 mkgf, ela surge a partir da rotação zero.
Isso deixa o Kwid E-Tech esperto em retomadas curtas. O 0 a 50 km/h corrobora essa sensação: são 4,1 segundos. Já a aceleração de 0 a 100 km/h é bem mais lenta. Para esse processo, o hatch precisa de mais de 11 segundos.